Uma forma nova e diferente de olhar para o actual consumismo da sociedade!

Uma forma nova e diferente de olhar para o actual consumismo da sociedade!

2 Setembro, 2016 Não Por Admin2

Nas alturas de crise e maior dificuldade financeira é a altura, pelo menos parece, que as pessoas têm uma maior necessidade de consumir.

Mas será esta necessidade real? Isso torna-nos mais felizes?

A experiência de vida e quem normalmente não passa por estas dificuldades defende que não.

Um rico empresário que tinha uma vida de luxos, Graham Hill. percebeu que as coisas materiais apenas consumiam a sua vida e o seu tempo.

Lê esta reflexão!

empresário graham hill - consumismo humano

Moro num apartamento de 39 metros quadrados. Durmo numa cama embutida. Tenho 39 camisas e 10 pratos. Quando recebo visitas, abro uma mesa dobrável. Não tenho DVD e minha colecção de livros, hoje, tem apenas 10% da original.

Percorri um longo caminho desde o final dos anos 90, quando um projecto de sucesso relacionado à Internet se transformou em uma fonte enorme de dinheiro. Então, comprei uma casa e a enchi de coisas, como aparelhos electrónicos e automóveis.

Não obstante, de um jeito ou de outro, tudo isso ocupava a minha vida, ou pelo menos grande parte dela. As coisas que eu consumia acabaram me consumindo. Eu sei que a minha trajectória não é muito comum, afinal de contas, poucos conseguem ficar ricos antes dos 30, mas o meu relacionamento com as coisas materiais não era habitual.

Vivemos num mundo de excessos de bens materiais, em um mundo de supermercados, shoppings enormes e lojas abertas 24 horas por dia. As pessoas de qualquer classe social podem ficar entupidas de coisas.

Não existe nenhum sinal de que estas coisas possam nos fazer felizes.

Demorei 15 anos para me desfazer do que não era necessário. Desta forma, comecei a viver mais plenamente, livre e melhor.

Tudo começou em 1998. Meu sócio e eu vendemos nosso negócio por um valor que eu jamais pensei que fosse ganhar em toda a minha vida.

Ao receber esse dinheiro, comprei uma casa de 4 andares. Emocionado com a possibilidade de consumir, comprei um novo sofá, óculos de 300 dólares, vários aparelhos electrónicos e um CD player para 5 CDs. E, claro, um Volvo preto super potente.

Comecei a trabalhar com afinco em um novo negócio, e não tinha tempo para cuidar da casa. Foi aí que contratei Seven. Ele dizia que tinha trabalhado para Courtney Love. Ele se transformou em meu assistente de compras. Seu trabalho era andar pelas lojas de eletrônicos com uma câmara fotográfica e registar o que, segundo ele, poderia me interessar. Em seguida, eu olhava as fotos e escolhia o que comprar.

Acontece que chega um momento em que a droga do consumismo para de emocionar. Perdi o interesse em tudo. O novo Nokia não me deixava feliz, e tampouco me satisfazia. Comecei a reflectir sobre as mudanças na minha vida. Teoricamente, elas deveriam trazer felicidade, mas, ao contrário, me deixavam cada vez mais ansioso.

A vida ficou mais complicada. Tinha que cuidar de muitas coisas: relvados, limpeza, carros, seguros, manutenção. Seven tinha muito trabalho… No final de contas, eu tinha um assistente de compras? Eu tinha me transformado nisso? Minha casa e minhas coisas se transformaram em meus novos chefes, e olha que eu não queria trabalhar para elas.

Tudo ficou ainda pior quando eu me mudei para Nova York por causa de negócios, e aluguei uma casa grande, digna de um empresário de TI. Tinha de ’recheá-la’ de coisas, o que levava tempo e esforço. E tinha também a casa em Seattle. Ou seja: duas casas. Decidi, então, ficar em Nova York, mas tive que voar muitas vezes de um lugar para outro para me desfazer das coisas que deixei e dar aquele assunto por encerrado.

Claro que eu tive sorte com o dinheiro, mas eu não sou o único.

A pesquisa «A vida em casa no século XXI» mostra a vida de 32 famílias de classe média. A necessidade de cuidar das coisas materiais causa a produção das hormonas da ansiedade. Sabe-se que 75% das famílias não podem colocar o carro na garagem porque ela costuma estar cheia de outras coisas.

Nosso amor por objectos materiais afecta quase todos os aspectos de nossas vidas. O tamanho de nossas casas aumenta na medida em que o número de moradores diminui. Nos últimos 60 anos, o espaço disponível para uma pessoa aumentou 3 vezes. Para quê? Para armazenar ainda mais coisas?

O que guardamos nas caixas durante uma mudança? Não sabemos até a hora de abri-las.

Essa tendência é muito interessante. Segundo dados do The Natural Resources Defense Council, 40% da comida comprada por um norte americano acaba na lata de lixo.

Essa dinâmica individualista e insaciável provoca consequências em escala mundial. O consumismo selvagem só seria possível em função de uma superprodução, incompatível com a capacidade do Planeta. Os IPhones também são responsáveis pelas terríveis mudanças na ecologia de áreas industriais da China. Uma produção que não mede consequências. É isso que te faz feliz?

A coisa não pára por aqui. Há, também, os aspectos psicológico e social. As observações de Galen V. Bodenhausen, um psicólogo da Universidade de Northwestern, em Ilinois, relaciona o consumismo ao comportamento anormal e antissocial. A mentalidade consumista é negativa para qualquer pessoa, não importa quanto ela ganhe.

Minha atitude mudou após conhecer Olga. Me mudei para Barcelona com ela. Seu visto expirou e nós vivíamos em um apartamento pequeno e humilde, e estávamos muito felizes. Em seguida, percebemos que nada nos prendia na Espanha. Empacotamos um pouco de roupa, alguns objectos de higiene pessoal, nossos computadores e fomos viajar: Banguecoque, Buenos Aires, Toronto e muitos outros lugares. Continuava trabalhando, mas, agora, meu escritório cabia na minha mochila. Me sentia livre e não tinha nenhuma saudade do carro e dos muitos aparelhos electrónicos que tinha deixado em casa.

Minha relação com a Olga chegou ao fim, mas minha vida mudou para sempre. Tenho poucas coisas, mas me sobram tempo e dinheiro.

A nossa intuição sempre nos diz que o melhor da vida não são coisas, mas as relações, experiências e conquistas. São o resultado de uma vida feliz.

Não vou negar: gosto de coisas materiais. Estudei desenho industrial, me interesso por aparelhos electrónicos, e também gosto de roupas e outras coisas. Mas toda a minha trajectória mostra que, a partir de um momento específico, a vontade de acumular objectos materiais é substituída pelas necessidades emocionais. É nelas que devemos nos apoiar.

Continuo sendo um empresário e, actualmente, desenvolvo a ideia de casas compactas. Casas criadas para melhorar as nossas vidas, e não consumi-las. Da mesma forma como os 39 metros quadrados onde eu moro, estas casas não demandam uma grande quantidade de material de construção, e não exigem muita manutenção. Desta forma, as pessoas podem economizar mais.

Durmo bem porque sei que não uso mais recursos do que preciso. Não tenho muitas coisas, mas tenho satisfação e prazer. Pouco espaço e muita vida.

Partilhar:

Relacionados: