Dramático! Milhares de emigrantes Portugueses obrigados a voltar a casa!

Dramático! Milhares de emigrantes Portugueses obrigados a voltar a casa!

10 Dezembro, 2015 Não Por admin

A vida não está fácil em Portugal e a tendência de muitos portugueses, principalmente os que vivem da construção civil, é emigrar. E um dos destinos prioritários é Angola. Ou era. O nível de vida no país africano já não é o que era e as dificuldades económicas já não permitem que os portugueses em Angola tenham a vida mais desafogada porque sonhavam quando emigraram.

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Com a crise em Portugal, as empresas de construção civil quiseram apostar em Angola, um mercado em expansão, e era tudo perfeito. Mas actualmente já são poucas as empresas que conseguem cumprir a promessa de uma vida melhor.

Nuno é um cidadão português, arquitecto de profissão. Quando arranjou trabalho em Angola, na construção civil, em 2010, ganhava cinco mil dólares (cerca de 4500 euros) com várias regalias como ajudas de custo e casa partilhada. Mas as coisas não correram da melhor forma e, depois de várias mudanças de emprego, com o regresso a Portugal pelo meio, passou a receber dois mil dólares (perto de 1200 euros) e casa, sem as ajudas de custo. Também as viagens pagas pela empresa diminuiram passando de duas a uma por ano. Neste momento, o Nuno não está em Portugal mas trocou Angola por um outro país europeu. E como o Nuno, são milhares de portugueses, muitos com situações bem piores.

António [nome fictício], casado e pai de dois filhos em idade escolar, viu em Angola uma oportunidade de dar uma vida melhor à família. Mas as coisas não correram como esperava. Em Angola há três anos a trabalhar na construção civil, há três meses que não recebe e espera que o contrato acabe para poder voltar para junto da família, algo que pretende fazer pelo menos até ao final do próximo ano. O que mais o assusta, é não conseguir encontrar trabalho em Portugal quando voltar.

Em Agosto deste ano, o presidente do Sindicato da Construção de Portugal revelou que todos os dias saem de Angola para regressar a Portugal ou outros países cerca de 500 trabalhadores portugueses, número que antecipa um agravamento da situação, uma vez que existe o atraso no salário de “mais de 200 empresas” portuguesas que operam em Angola. “Só de trabalhadores ligados à construção estão, desde há cerca de três meses, a regressar de Angola 500 [trabalhadores] por mês e isto vai aumentar muito mais se não forem tomadas medidas”, disse na altura Albano Ribeiro em declarações à Lusa, acrescentando ainda que “há muitos mais” portugueses de outros sectores que também regressam. A crise, segundo o sindicato, afecta tanto as pequenas como as grandes empresas.

A queda no valor do petróleo também não ajuda e está a fazer com que mais de 40% dos emigrantes portugueses que trabalham em Angola tenham os seus ordenados em atraso. E esse factor faz com que muitos portugueses não tenham sequer dinheiro para vir a Portugal passar o Natal junto das famílias. Sendo o orçamento angolano feito com base no preço do barril do petróleo, a queda do valor de 81 dólares (76,5 euros) para 47 dólares (44 euros) fez com que várias empresas de construção civil não conseguissem cumprir as suas obrigações salariais. E o custo do petróleo tem níveis cada vez mais baixos, tendo registado ontem uma queda de 0,40%.

No mês passado, Albano Ribeiro actualizou os números. Dos cerca de 200 mil portugueses que trabalham na construção civil em Angolo, pelo menos 80 mil estão com salários em atraso. Segundo Albano Ribeiro, pelo menos mil dos portugueses que conseguirem passar o Natal em casa com as famílias “já não regressarão” a África. E Albano Ribeiro não esconde que são milhares os emigrantes que neste momento passam por situações bastante complicadas.

Segundo dados da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), dos 5,3 mil milhões de euros que as construtoras nacionais facturam nos mercados internacionais, estão assegurados por Angola dois mil milhões, que correspondem a 38% do valor total.

“Há 200 mil trabalhadores portugueses a trabalhar na área da construção em Angola e cerca de 40% têm entre dois e seis meses de salário em atraso”, afirma Reis Campos, presidente da CPCI, acrescentando que a empresa portuguesa Soares da Costa é uma das que se encontra nessa frágil situação.

Portugal é actualmente o segundo país com presença mais significativa no mercado africano.

Outro problema é o dinheiro. Se antes as empresas pagavam em dólares, agora o ordenado é pago em kwanzas, uma vez que o país já não tem acesso ao dólar, depois de vários bancos terem suspendido a venda de dólares a Angola. Contudo, isso trás um grande problema aos portugueses que têm agora maior dificuldade em trocar kwanzas por euros. E a solução, cada vez mais, passa pelo regresso a Portugal e ao desemprego.

Fonte: Jornal I

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